11.8.25

Um sonho

 Com a democracia pendurada no pau de arara e assim exibida em praça pública, sonhei que havia morrido. Morto, passei por toda a preparação: da limpeza do corpo à vestimenta, da acomodação no caixão ao transporte em carro funerário. O interessante é que, mesmo tendo partido dessa para a outra – quem saberá se é a melhor? –, eu tinha consciência de tudo. Olha só, me vestiram um terno! Ó, até que não é tão desconfortável essa urna! O ápice viria a seguir. Deixado no local do velório, levantei-me, dirigi-me a um sujeito que não parecia estar ali por minha causa e dei-lhe um belo soco na cara. A vítima era ninguém mais, ninguém menos que o torturador máximo da democracia: Trump. O que poderia parecer um pesadelo, era, de fato, uma vingança velada: uma quimera.

Os psicanalistas que me desculpem, não analiso esse sonho a partir de minhas suscetibilidades ou de meus desvãos, mas sim como homem político. Precisamos dar um soco – a minha índole pacifista clama para que o entendam como metáfora – no senhor Laranjinha e passar uma rasteira nessa turma que, empunhando Bíblia, fala sozinha pelo plenário do Congresso ou, agindo como jovens inconsequentes, arma um escarcéu na casa da democracia. Uma vez caída no chão, ordenar que recolham ao lixo essa nata do atraso.

Estamos diante de um velho fantasma, o fascismo, num mundo turbinado por inovações tecnológicas. Lutar nesse ambiente é o desafio. Seja como for, penso que meu sonho quer dizer que o velho homem humanista, na pele do eu defunto do sonho, não pode aceitar a própria morte, deve levantar-se do caixão e partir para a luta.

Como lutar é que é o negócio. Protestar nas ruas parece estar fora do catálogo político, nesses tempos de ágora eletrônica, que, aliás não é isenta e do povo, como a Castro Alves na Bahia carnavalesca. A e-praça tem lado, o deles.

26.7.25

Anedotas literárias

Soube não faz muito tempo de uma história ocorrida com dois baitas escritores. Vargas Llosa, ainda jovem, foi entrevistar Borges, seu ídolo, em Buenos Aires. O autor de “O Aleph” vivia num apartamento pequeno e não muito bem conservado. O entrevistador, antes dos assuntos literários – senão em vez deles –, começou a fazer perguntas sobre o apartamento, talvez preocupado, até mesmo desapontado, afinal de contas estava diante de um gigante. Quando o escritor peruano foi embora, Borges perguntou se teria sido um corretor de imóvel que o visitara.


Imagem gerada por IA

Um caso desses vai ganhando demãos de tinta ao passar de uma pessoa a outra. Borges pode ter feito a pilhéria da visita para algum amigo, que tratou de passar a outro já com uma camadinha maior de ironia. O fato e o chiste teriam se perdido caso Llosa não se tornasse também um gigante. Quer dizer, na literatura, imenso; na política, não muito distante do que foi o próprio Borges, um fiasco.

Escutei esse caso num trecho de uma palestra que Ricardo Piglia, outro escritor argentino, fez não sei nem onde nem por qual razão. Seja como for, a “vítima” do disse me disse não raro guarda mágoas. Assim, suponho, o soco que Llosa deu em Gabo – por ciúme, já que o colombiano, um grande amigo até então, esticava os olhos para a sua esposa – pode ter tido a força adicional de uma vingança contra Borges.

No Brasil, onde não falta pugilismo literário, há uma historinha com cheiro de invenção e bem conhecida, cujos personagens são diferentes, conforme a versão. Da primeira vez que a ouvi, eram Antonio Maria, cronista e letrista, e Vinícius de Morais. Antonio Maria contou a Vinícius que, na ponte aérea entre São Paulo e Rio, uma moça o confundiu com ele. O ainda embaixador – Antonio Maria faleceu em 1964 e Vinícius perdeu o posto em 1969, na ditadura – ficou curioso e disparou um “e aí?, e aí?, e aí?”. Aí, disse-lhe Maria, ele deu corda ao papo, pediu um uísque, e a conversa engatou. Desceram no Santos Dumont, alojaram-se no restaurante, comeram alguma coisa e tomaram mais uma bebidinha. “E aí?, e aí?” Aí, continuou o letrista de “Manhã de carnaval”, foram para um hotel. “E aí?, e aí?” “Aí, poetinha, você broxou.”

Vinícius, que se casaria nove vezes – salvo engano meu ou dele – não parece ter se importado com isso. Fosse Ziraldo, a coisa fervia, pois o incansável cartunista, escritor e jornalista nunca admitiu um fracasso sexual. Como o autor de “Flicts” ostentava uma senhora coleção de coletes, não duvido dele.

Embora transite entre escritores desde 1987, não tenho grandes histórias, embora uma ou outra tenham lá sua graça. Quando organizamos o grupo Estilingues – eu e seis amigas, depois de recusados na oficina literária que frequentávamos, pois estávamos, segundo a direção, adiantados e atrapalharíamos os novatos, passamos a nos encontrar em casa, vez ou outra contratando uma pessoa para nos orientar –, resolvemos consultar o Sérgio Sant’Anna sobre a possibilidade de nos acompanhar por uns tempos. Fui encarregado de fazer o contato. Liguei para ele e, logo depois de ouvir sua voz, mandei um “a gente somos um grupo”. Educadamente, recusou o convite. Eu faria o mesmo. Ou não? Sei lá.

Me encontrei certa vez com o mesmo Sant’Anna num lançamento, e ele estava apreensivo, pois pela primeira vez ganhara um bom dinheiro com a literatura. Como a grana estava em sua conta-corrente, seu medo era que um hacker a roubasse. Tentei tranquilizá-lo, afinal não era tanto dinheiro assim, e os golpes eram mais no atacado que no varejo. Por falar em roubo cibernético, depois de um tempo sem nos vermos, eu, Horácio – hoje um retrato na parede do meu afeto – e Nelson marcamos um chope no Bar Luiz, tradicional restaurante alemão que não suportou a crise mais recente e foi fechado depois de funcionar por cento e trinta e cinco anos. Lá pelas tantas, Horácio – além de escritor e artista plástico, um pioneiro da computação no Brasil – sugeriu que roubássemos um banco. Seria, como temia Sant’Anna, uma ação limpa, uma invasão eletrônica, um assalto cibernético. Não, não fizemos isso, porém, como defende um meme já clássico, se feito, estaríamos apenas reagindo já que foram os bancos que começaram.

Nesse mesmo Bar Luiz, estávamos eu e um grupo do trabalho, amigos sem nenhuma ligação direta com a literatura, quando um homenzarrão entrou pelo bar lotado e, vendo que tínhamos uma cadeira vazia, pediu para se sentar conosco. Eu sabia quem era, os demais, não. Ele então contou que havia acabado de sair de uma reunião do PDT (cuja sede era a uma quadra dali) e precisava respirar e tomar um chope com Steinhaeger. Deu um gole, deu outro, mais um e, copos quase vazios, dirigiu-se a nós perguntando se o havíamos lido. Permaneci quieto, enquanto os outros se mexiam nas cadeiras e olhavam o vazio. Contrariado, o penetra balançou a cabeça de um lado para o outro, deu mais um gole e falou sem modéstia que era preciso que o lêssemos, seu nome era Fausto Wolff. Levantou-se e foi embora. Meus colegas me olharam um pouco atônitos, e eu afirmei que, apesar daquela mendicância messiânica, sim, deveríamos ler o escritor gaúcho.

14.7.25

Diagnóstico preciso

Leio que uma atriz global publicou em rede social fotos de seu rosto avermelhado e confessou sofrer de rosácea, doença dermatológica que causa esse tipo de marca principalmente na maçã do rosto, mas que, em graus mais graves, pode atingir os olhos. Não é, de todo modo, nada muito sério, e o remédio sugerido é a velha e boa ivermectina, nesse caso indicada pela ciência em sua forma mais rigorosa possível, sem arroubos de presidentes boquirrotos e perigosos.

A rosácea atinge principalmente brancos, mais mulheres que homens e pode piorar por conta de certos alimentos – picantes, queijos, bebidas alcóolicas – e até por exercícios aeróbicos. No entanto, é o estresse que a faz aflorar.

Sem mostrar meu rosto, mesmo porque a coisa está sob controle por aqui, confesso que também sofro desse trem. Nenhum médico me disse para evitar os alimentos e exercícios físicos, de modo que como meu queijinho – ai de quem me proibir de comê-lo – curado da vida, dou minhas caminhadas suadas da vida, tomo minha cervejinha gelada da vida. O que não controlo é o tal do estresse.

A primeira vez que me senti incomodado com meu rostinho que nunca teve espinhas – ou teve muito poucas – aparecer manchado me fez correr para a nossa antiga dermatologista. Conhecedora de toda a família, o início da consulta foi um bate-papo sobre os filhos, como eles estão, se a pele de um melhorou, se a do outro continua aquela beleza. Enfim, papinho camarada. Então ela olhou para mim, escaneou meu rosto e, de longe, sem fazer um exame apurado, disse assim na lata: “Alexandre, você está precisando ganhar mais dinheiro”.

Nunca vi médica tão sábia.

Já com a lupa na mão e depois de investigar não só a danada da mancha, mas também o resto do rosto, o pescoço, a cabeça, o peito, ela deu o diagnóstico: “Isso no rosto é rosácea, no mais nenhum sinal preocupante”. Receitou a pomada à base da droga que esteve no centro político da covid e pediu para eu voltar daí a um tempo.

Voltei.

Estava melhor.

Só não resolvi o problema de fundo: a grana. Contra isso, a médica não pôde nem pode fazer nada. Me consolo pensando que talvez eu não seja o único, vai que a atriz global também esteja no perrengue.

30.6.25

Em São Paulo, com livros

Estive em São Paulo com a desculpa de lançar meu mais recente livro, “Aí onde não cabe”, editora Patuá. Digo desculpa porque o livro já tem um ano e meio de vida – se é que se pode dizer assim, haja vista que levei uns seis ou sete escrevendo uma de suas duas novelas – e já havia sido lançado na cidade em fevereiro. Assim, essa foi a forma que encontrei de me forçar a visitar a Feira do Livro, evento que, à distância, sempre acompanhei com interesse.

Não me arrependi. As tendas são montadas na Praça Charles Miller, em frente ao estádio do Pacaembu. Em dias ora frios, ora quentes, ora com garoa, ora com o céu mudando de azul a nublado, o espaço é acolhedor. Pessoas passeiam com seus cachorros e espiam livros. Atletas se exercitam entre livros. Crianças correm de um livro para outro. O livro, enfim, abandona sua pretensa sacralidade, as bibliotecas, os espaços sisudos, e ganha a praça. A Praça Charles Miller é dos livros, como o céu é do avião. Mas ultimamente o céu tem sido das bombas enviadas por energúmenos que não leem. Bem, sigamos.

As conversas se dão em um auditório aberto, e, para acompanhá-las, não é necessário pré-agendamento ou a obrigação de se sentar na plateia. Como só fiquei um dia na cidade, acompanhei, assim mesmo não totalmente, o papo sobre futebol entre Mário Prata e Ugo Giorgetti. Mário falou de seu romance “O drible da vaca” (Record), Ugo, de suas crônicas jornalísticas reunidas em “Era uma vez o futebol” (Imprimatur/7 Letras). Mário contou que o livro, uma especulação delirante sobre a origem do esporte bretão, exigiu muita pesquisa. Nela descobriu, por exemplo, que a rainha Vitória, famosa por impor valores morais rígidos a seus súditos, era chegada a um baseado, quer dizer, a maconha lhe era receitada por um guru indiano, já não me lembro por qual razão. Ugo, por sua vez, reclamou do futebol – segundo ele, uma das grandes artes brasileiras, ao lado da literatura, do cinema, da música e das artes visuais –, que, com o VAR, quer se transformar numa ciência exata. É saudoso dos tempos em que a mãe do juiz não tinha sossego. Ugo também confidenciou que, nas tratativas para a sua participação na Feira, a pessoa encarregada do contato perguntou-lhe qual o número da sua chuteira, com vistas a convocá-lo para a pelada entre escritores que aconteceria no último dia. “Essa pessoa não sabe quem eu sou”, disse o senhor de mais de oitenta anos, que se locomove com o auxílio de uma bengala. Paulo Werneck, o organizador da coisa toda, pediu desculpas, a pessoa cumpria um protocolo acordado.

Fiquei quase o tempo todo na tenda da Patuá dividida com outras editoras. Não me lembro de todas, mas a relativamente nova e já com ótimo catálogo, Sinete, era uma delas. Naquele cantinho, conversava com uns e outros, inclusive com conhecidos apenas de redes sociais ou vistos de relance nalgum canto. Ótima chance de perceber que tem muita gente empenhada em produzir um trabalho sério e permanente. Particularmente interessantes foram as conversas com o Eduardo Lacerda e a Pricila Gunutzmann, meus editores da Patuá, e com o Whisner Fraga, escritor de garfo e faca – seu mais recente livro, lançado por sua própria editora, “as fomes inaugurais”, é uma coletânea potente de minicontos – e editor sensível e cuidadoso da Sinete. A vida desses abnegados não é fácil, não. Para eles, leitor, acenda uma vela, quem é de vela; reze uma prece, quem é de prece; bata um tambor, quem é de tambor. Mas, principalmente, comprem os seus (nossos) livros.

Duas primas minhas – uma de segundo grau, a outra, de terceiro – apareceram lá. A de segundo grau é minha conhecida desde os tempos em que éramos bem crianças, ela, então, mais nova que eu, praticamente um bebê. A de terceiro grau, não, só a conhecia de redes sociais, mas é filha de outro primo, de segundo grau, que foi meu grande amigo e que não está mais por essas bandas da terra. Com as duas e seus parceiros fomos conversando, conversando, a Feira fechou e nos deslocamos para um lugar que eu desconhecia (Bar Balcão) e continuamos a conversar, a conversar. Coisa linda quando os elos familiares se justificam. Pena que um outro primo – este de primeiro grau – passou pela tenda da Patuá num momento em que eu não estava. Nos desencontramos.

A Feira me pareceu equacionar bem os espaços entre as grandes corporações e as menores. Havia as tendas maiores – a Patuá e suas parceiras ocupavam duas de tamanho padrão – e umas enormes divididas por inúmeras editoras, que, por sua vez, tinham direito a uma espécie de balcão. Essas tendas coletivas localizavam-se bem no meio da feira. A Patuá na entrada à esquerda. Ou seja, houve uma preocupação com a visibilidade dos pequenos, esse resistente povo do livro.

O Rio de Janeiro merecia uma feira dessas a céu aberto. No ano passado, por exemplo, não houve a Primavera dos Livros, que acontecia nos jardins do Museu da República. A Festa Literária das Periferias – FLUP, itinerante e dos mais importantes eventos literários do país, costuma ocupar espaços públicos, ao ar livre, mas não é uma festa de editoras. Beira da praia, Parque Madureira, rua do Mercado, praças San Salvador, Saens Peña ou Paris, MAM, Quinta da Boa Vista: não faltam lugares bonitos para um evento desses.



 

16.6.25

Mil nomes nenhum

Eu não vejo a Janaína há tanto tempo que não posso dizer se continua com aquele sorriso acolhedor e olhar curioso. Já o Bão, com quem me encontro cotidianamente, não mudou nadinha e acha tudo maravilhoso. Mas, rapaz – eu o cutuco –, e essas guerras, essa carnificina infantil, esses donos do mundo destrambelhados da vida? Ele dá de ombro e responde categórico: “Bão, isso está fora do meu alcance”. Assim é ele, e talvez por isso eu o veja, finja que não o vejo e nunca dou publicidade de seu nome.

Quando falo em Janaína, sim, ela existe, é minha prima, mas seu nome é outro – sei bem qual é, mas não vou dizê-lo. O sorriso e o olhar dela são daquele jeitinho mesmo, ou eram há uns vinte, trinta anos, última vez que a vi. O mundo é cruel. Já o Bão, esse não existe, é uma mistura de figuras que encontro por aí. Para o sucesso dos doidos extremistas, é preciso que haja os que batem palmas para eles. O Bão – também chamado de Isentão, embora de isento não tenha nada – é o sumo dessa turma.

Vou ser bem sincero: acredito nas coisas e pessoas inexistentes. Personagem de livro, desse fico amigo. Feito aquele menino do “Tia Julia e o escrevinhador”, do Vargas Llosa. Cara legal, pô. Quer ser escritor e, como é comum aos dezoito anos, se apaixona por uma mulher mais velha – não tem quarenta e é tratada pelos familiares como um estorvo, um absurdo –, que também se apaixona por ele. Além disso, tem um bom amigo, é bem aceito pelos tios e pelos avós (até o surgimento da tia, que não é exatamente tia), vira e mexe bota panos quentes em conflitos na rádio em que trabalha, inclusive naqueles nos quais os patrões estão envolvidos. Não é um garoto legal? Aos dezoito eu era um pouco assim, é verdade que com umas doses a mais de canjebrina. E aquela mulher do “Syngué sabour –– Pedra de Paciência”, do escritor afegão Atiq Rahimi? Numa das intermináveis guerras internas no país, o marido se feriu, requerendo assim todo o tempo da esposa. Ao lado do homem sem nenhum sinal vital além de respirar e se sujar, ela vai se soltando, falando – será ouvida? – tudo aquilo que a gente imagina não ser comum a uma afegã falar: conta de sua insatisfação sexual ou de como idolatra a tia que se tornou prostituta. Não que eu tenha me apaixonado por ela, mas, puxa vida, que mulher espetacular.Agora vou contar uma vantagem. Um amigo meu – milagre sem santo, fato sem nome – me escreveu dia desses uma mensagem enigmática. “E a Elisa”? Meu Deus, quem seria? Não demorou tanto assim para a ficha cair: é uma personagem de meu conto “Chorão”, escrito recentemente. Meu amigo caiu de amores por ela. Não fosse o compromisso de escrever minhas crônicas quinzenais para a Rubem, eu aposentava o escritor que sou, pois fui laureado com um Nobel particular. O dicionário agradece a minha boa vontade com palavras esquecidas. Canjebrina, laureado: regozijai!

Há um ponto nisso tudo que não sei se vocês estão percebendo. Não guardo nomes de personagens. Nem dos meus. Conto outro caso similar ao da Elisa. Uma de minhas irmãs (não digo como foi registrada ao nascer, embora haja uma história interessante em seu batismo) me liga – não havia essas modernidades de zap e zup e sei lá mais quê – e diz as mesmas palavras do meu amigo: “E o ...?” Ela falou a alcunha (dicionário, festejai!), eu não sabia de quem se tratava, até que fui severamente repreendido: “É o seu personagem do ‘Todas as fichas’, ora essa”. Agradeci e me desculpei. Vejam que terrível, voltei a me esquecer do nome ou do apelido dele (razão das reticências um pouco acima), um sujeito legal e, não por isso nem apesar disso, viciado em jogo e prostitutas. Conheço uma pessoa parecida. Ela, além dessas características, às três da manhã, recém-chegada da rua, fritava um bife que muitas vezes me arrancou da cama e me fez descer as escadas para filar a boia. Sei bem como se chama, mas não digo como é nem lhe faço um outro batismo.